O: Se apresente
S:Meu nome é carlos sardi eu tenho atualmente 57 anos, eu toco bateria, eu gosto de tocar percussão. Minha vida de músico começou lá na minha infância, meus irmãos tinham uma banda, e eu aprendi vendo meu irmão tocar.
Eu tive influência de muitas bandas, eu gosto muito de rock, as minhas influências são Led Zeppelin, Deep Purple, Black Sabbath, e por ai vai, mais alguma coisa ai relacionada. Mas assim, mutantes. Eu sempre gostei dos internacionais, eu gosto mais da música em inglês. Eu gosto muito do rock inglês, de preferencia.
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O: Faça uma comparação entre a musica antiga e a dos tempos de hoje.
S: A musica da minha época, da década de 60, eu acho assim é uma musica que marcou época porque ela encontrou todos os parâmetros foram alterados na década de 60. Na minha opinião ela é a musica popular mais criativa que se fez até hoje porque ela é uma musica que tratou harmonia, tratou letras, mudou conceitos, mudou .. E hoje ela é uma musica atemporal, é uma musica que você pode ouvir hoje, que ela continua sendo uma música atual, bonita. Eu acho que a música hoje é muito mais voltada ao consumismo, apesar que na década de 60 tambem se consumia, mas é diferente Hoje pensa-se muito em vender, consumir, fazem musicas bobas, com letras bobas, com melodias tontas, Como a gente viveu essa época, que foi uma época muito rica musicalmente eu vejo a música de hoje como uma música passageira, não vai fazer história de forma alguma.
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O: Sobre música em Londrina o que você pode falar
S: Eu acho assim, nós vivemos em uma região interessante. Na minha época, na década de 60, a música da região era muito boa. Nós tínhamos grandes conjuntos musicais que hoje chamam de bandas só que naquela época as bandas eram cover. Faziam cover de Beatles, cover de Roberto Carlos. Mas foi uma região muito rica, uma região que não dispontou muita gente pro cenário artístico daquela época, mas hoje desponta muita gente, tem muita gente de Londrina fazendo sucesso (...) muita gente saiu daqui e foi pra fora. Infelizmente no Brasil você só faz sucesso em Rio-São Paulo. Fora isso não existe cenário musical para grandes produções. Mas eu acho assim, hoje Londrina é uma cidade rica principalmente na contra-cultura do que esta acontecendo, porque enquanto o Parana e São Paulo vivem muito uma febre de sertanejo, dessas coisas ai, Londrina vai meio que contramão disso. Se você olhar bem Londrina tem show de rock, tem 3, 4 toda semana. Enquanto o sertanejo avança, o rock bate pesado e eu acredito que em Londrina o rock bata o sertanejo. Graças a Deus.
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O: Você acha que da pra viver de música ?
S: Viver de música é muito complicado, meu filho mais novo o Bernardo sempre gostou de musica, fez 7 anos de piano, estuda violão hoje, toca bateria. Mas eu sempre disse pra ele, filho, música é legal como hobby não como negócio. Ou você é um em um milhão que se da bem, porque o funil da musica é muito estreito, ou você faz isso como um negócio alternativo por prazer. Ou você tem muita sorte e talento e faz muito sucesso, ou você vai toca pra um sertanejo. Tem um monte de gente que faz isso, ganha dois, três mil reais por mês pra toca pra um sertanejo, e com o rock na cabeça. Tenho diversos amigos fazendo isso, a pessoa tem que sobreviver. Acho a música muito complicada pra alguém viver(...)Nós temos a nossa orquestra sinfônica, que é um orgulho pra cidade, uma cidade do tamanho de Londrina ter uma orquestra sinfônica quase sem verba, esses caras sobrevivem numa marra danada. Eu sei porque eu tenho muitos amigos na orquestra, eles são guerreiros, lutadores, apaixonados, por que sem isso não tinha orquestra em Londrina não, porque não tem verba pra isso. São uns heróis esse povo ai.
O: Eles carregam nas costas.
S: A o pessoal carrega nas costas, o pessoal ta lutando a quantos anos com isso. São uns heróis esse povo.
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O:Você acha que seria importante que a cidade investisse mais nesse lado da cultura ?
S:Claro que seria importante. Não sei, às vezes o que eu vejo no PROMIC, eu vejo que tem projeto que não tem lógica, tem uns projetos que não levam a nada. Eles botam gente pra tocar, eles aprovam os projetos e botam o cara pra tocar música clássica num lugar onde as pessoas não querem ouvir música clássica. Cansei de ouvir isso de músico amigo meu, que passou um projeto no PROMIC mas o cara disse assim “po, mas eles aprovaram, mas eu tenho que tocar num domingo às 4 horas da tarde num lugar tal que eles vão monta la. Eu chego la tem meia dúzia de pessoas pra ouvir uma coisa bonita”. Então não adianta, os projetos são bem feitos, mas a aprovação e a forma que se leva isso as pessoas não. Eu acho que ninguém ouve o que não quer. Se é sertanejo que o cara gosta de ouvir, enfia sertanejo nele então, vai faze o que.
Não gosto de sertanejo meu negócio é rock.
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